domingo, 22 de março de 2015

Fake - Felipe Barenco

Esse foi o primeiro livro nacional lido em 2015 e já me preparou para ler muito mais literatura nacional contemporânea durante o ano pois eu gostei muito da experiência de leitura! O livro tem como seu público alvo o jovem adulto e cumpre bem o seu papel de ''conversar'' com o público que está nessa época tão delicada e passageira que é a adolescência. 

''Senti o rosto esquentar. As palavras paravam na minha boca e não tinham coragem de sair. O bombardeio de pensamentos foi tão intenso que elas, as palavras, chegavam prematuras ou mortas.'' Pág. 76

Fake é o romance de estreia do autor Felipe Barenco e vai falar sobre vários temas delicados como pensar no futuro, a descoberta da sexualidade, perdas, formação de identidade... de uma maneira sutil e direta. Téo não enxergava perspectiva nenhuma em sua vida até conseguir entrar na faculdade dos sonhos e o peso da responsabilidade cair sobre seus ombros. Ao mesmo tempo que tenta conciliar estudos com diversão e família, diversos conflitos internos afloram e a descoberta da sexualidade que deveria ser natural na vida do garoto acaba sendo problemática: Téo é gay e mais difícil do que se aceitar vai ser fazer com que seus pais conservadores o aceitem como ele é. 

Em meio a tudo isso o autor fala de um assunto já bastante explorado e considerado tabu: doenças sexualmente transmissíveis, mais especificamente à AIDS. Se formos pegar toda a linha histórica do mundo e ''clicarmos'' em AIDS vemos que ela desde os primórdios foi considerada doença de pobre e sobretudo de homossexual. Pode parecer oportunismo por parte do autor falar sobre esse assunto em um livro jovem adulto com protagonistas gays mas a maneira como Felipe insere o assunto é de uma forma tão crua e direta que qualquer menção de nosso pensamento crítico ao oportunismo por parte do autor perde argumento. Ele não veio pedir para que tivéssemos pena de seus personagens... ele veio mostrar que apesar de já estável, à AIDS e demais doenças sexuais não desapareceram do nosso mundo e que ao contrário de pensamentos conservadores, todos nós estamos expostos. 

E é em meio a todo esse contexto que vamos percebendo a consistência e o crescimento dos personagens que aprendem a cada dia com os erros, que se permitem serem humanos e imperfeitos e que apesar da sociedade querer mascarar, manipular ou maquiar, conseguem conservar a essência e ter argumentos para defesa. O livro é drama mas Felipe soube colocar comédia nos momentos necessários para quebrar o clima de tensão que surge dentro do universo de Téo e dentro da mente do leitor. É um romance de estreia acima da média e que vai te fazer querer acompanhar Barenco por muitos livros futuros, e claro, descobrir e enxergar novas cores a cada página! 4 estrelas ;) 

''O horror é quando os anos passam e você tem a sensação de que todos eles foram iguais.'' Pág.130

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